No seu discurso de posse, em 1964, para o que seria o primeiro dos seus três mandatos como presidente da APL, o acadêmico Luiz Delgado já chamava a atenção para o áspero chão de nossa realidade material, dizendo:
“Somos uns pobretões. Não temos dinheiro para nada, nem para editar livros ou revistas, nem para dar um melhor arranjo a este nu apartamento em que funcionamos, acolhidos, tradicional e fidalgamente, pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.
“E, prometia trabalhar no sentido de realizar um dos seus sonhos… o de instalar, de tal forma, arquivos e biblioteca, que possam ser efetivamente úteis a quem quer que deseje estudar o passado literário de Pernambuco.”
Embora reconhecendo o tratamento que sempre lhes havia sido dispensado pelos membros do IAHGP, começava a tomar corpo, entre os componentes da APL, a ideia de poderem, um dia, ter sua própria sede.
As demarches tomaram vulto no ano de 1966, quando era governador de Pernambuco o homem simples e afável que foi Paulo Pessoa Guerra e quando era presidente da APL, em seu 2º mandato, Luiz Delgado. Vejamos o que, sobre o assunto da sede própria, nos dizia Luiz Delgado, na sessão de 8 de fevereiro de 1966, ao ler o seu relatório anual:
“… perseguia-nos, desde muito, o sonho de uma casa própria, e, em tal sentido, vários foram os pleitos que tivemos. O ano passado, movido por um editorial do Diario de Pernambuco, na secção de Mauro Mota, o Sr. Deputado Antônio Corrêa de Oliveira, num gesto que muito nos penhorou, apresentou um projeto de lei, autorizando o Estado a despender uma quantia de cinquenta milhões de cruzeiros para ser doada uma sede à nossa instituição. No empenho de efetivar essa autorização, começou a Academia a ter entendimentos com diversas autoridades e com elementos outros que nos pudessem ajudar, na previsão dos desdobramentos que havia de ter para nós a simples posse eventual da citada importância.”
Acrescentando, depois de uma breve referência aos muitos passos que havia dado no sentido de concretizar o sonho da sede própria:
“… até que o Sr. Governador Paulo Guerra, com a colaboração do Secretário de Estado João Roma, tomou a si diretamente a solução do problema e, dando-lhe um rumo inteiramente novo, escolheu, ele próprio, com seu gosto pessoal, um belo e nobre edifício neo-clássico, na Ponte d’Uchôa, e determinou, por decreto, sua desapropriação para ser sede da Academia.”